Vamos definir e entender melhor as peças-chave do Controle de Qualidade? NQA – Planos de Amostragem e Níveis de Inspeção
Controle de Qualidade (CQ) assim como definido pela ISO 9000:2015 é parte da gestão da qualidade focada no atendimento dos requisitos da qualidade do produto. Para que o CQ possa focar nos produtos e verificar se o mesmo atende os requisitos estabelecidos pelo processo, é necessário a realização de inspeções.
As inspeções podem ser definidas como sendo os processos de medir, ensaiar e examinar a unidade de produto ou comparar suas características com as especificações. Sua função principal é avaliar o grau de conformidade do produto, assegurar que os requisitos de qualidade foram atendidos e fazer chegar o mais breve possível aos responsáveis os relatórios apontando as deficiências observadas. (nosso destaque).
Existem várias maneiras de determinar as regras para realização das inspeções, e a mais aplicada é seguir as Normas Técnicas Brasileiras desenvolvidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que asseguram embasamento técnico para exigências e comprimento dessas. Esses métodos ficam à critério das empresas e devem ser definidos considerando entre outras coisas, a fácil administração e entendimento de sua aplicação e os custos envolvidos no processo.
Atualmente no mercado têxtil, especialmente de varejo, as regras mais comumente aplicadas são estabelecidas pela NBR 5426 que apresenta diferentes planos de amostragem e procedimentos para as Inspeções por Atributos. Exemplos e ilustrações de aplicabilidade ficam à disposição na NBR 5427 que se aprofunda no tema.
Inspeções por atributos
A inspeção por atributos, conforme proposto por essa NBR, estabelece critérios para classificar o produto como defeituoso ou não. Verifica se o produto tem ou não as características qualitativas comparadas com os requisitos solicitados. Os resultados dessa inspeção serão sempre descritos como “passa/não passa”, “dentro/fora da tolerância” e assim por diante.
Nesse tipo de inspeção a conclusão/resultado final, leva em consideração o lote como um todo, e não se baseia ao produto de forma individualizada. Para isso, é necessário que as empresas definam um Nível de Qualidade Aceitável (NQA). O Resultado final da Inspeção dependerá o quanto o lote satisfaz o nível de qualidade desejado.
Nível de Qualidade Aceitável (NQA)
O nível de qualidade aceitável (NQA) é o número máximo de defeitos ou não-conformidades que, para aceitação do lote, possa ser considerada satisfatória como média de um processo produtivo.
A determinação de um NQA, não significa uma permição para que o fornecedor envie peças defeituosas deliberadamente, porém por outro lado nos permite indicar/identificar o que pode ser esperado de uma série de lotes, se assim for usado.
Nível de Inspeção
Os Níveis de Inspeção fixam a relação entre o tamanho do lote e o tamanho da amostra (quantidade a ser inspecionada). Estes níveis permitem equilibrar o custo de inspeção e a proteção da qualidade.
São 3 níveis de inspeção definidos pelo “plano de amostragem simples” níveis I, II e III, sendo mais usual o Nivel II, e 4 níveis de inspeção Especiais (S1 a S4) podendo ser usados quando forem necessários tamanhos pequenos de amostras e onde possam, ou devam, ser tolerados grande risco de amostragem. Esses níveis Especiais são usados principalmente para reinspeções de lotes.
Plano de Amostragem
Já o plano de amostragem, determina a quantidade de unidades de produtos que serão inspecionadas, usualmente aplica-se a amostragem simples, ou seja, o tamanho da amostragem é igual ao dada pela tabela. Existem ainda o formato duplo e múltiplo (cada qual com suas regras mais detalhadas na NBR).
Aqui também se define os critérios para aceitação e rejeição do lote (passa/rejeita). Aceitação é o número máximo de defeitos que permitirá que o lote PASSA na inspeção. Já a rejeição é o número mínimo de defeitos que REJEITA o lote.
Vale destacar, nesse caso, que o os termos “Passa e Rejeita” “Aprovado e Reprovado” “Dentro e fora da tolerância” indicam uma decisão estatística fixada nas bases do plano de amostragem e critérios utilizados. Levam ao conhecimento importantes informações acerca da comparação do lote com as especificações exigidas. No entanto, esses resultados não impedem que o lote seja aceito caso haja outras considerações contratuais envolvidas.
Exemplos e Considerações Finais
Considerando o Mercado Têxtil/Confecção os níveis de inspeção mais usados são os Níveis I e II enquanto os N.Q.As são 2.5 e 4.0
Na tabela 1 estão as referências literais para os tamanhos de amostras. Dependendo da quantidade do lote e do nível de inspeção, é possível determinar a letra que identificará a quantidade de unidades a ser inspecionada.
No quadro 2 essa letra identifica a quantidade a ser inspecionada e, de acordo com o NQA, “o número de unidades não conformes que serão aceitas no lote”.
Vamos tomar de exemplo alguns números para simplificar o quadro:
– Quantidade Total do Lote = 800 peças.
– Nível de Inspeção desejado = Nível II
– Nível N.Q.A desejado = 2.5
Utilizando os critérios acima definidos temos a seguinte situação:
– Quantidade de Peças a serem inspecionadas: “J” = 80 peças
– Quantidade de Peças não-conforme aceitáveis = passa 5 peças / rejeita 6 peças
Tomando como base o exemplo acima e alterando o Nível de Inspeção desejado para “Nível I” teríamos como resultado:
– Quantidade de Peças a serem inspecionadas: “G” = 32 peças
– Quantidade de Peças não-conforme aceitáveis = passa 2 peças / rejeita 3 peças.
Note como a quantidade inspecionada é consideravelmente menor enquanto a quantidade de peças não-conforme aceitáveis também reduz.
Podemos dizer então que em termos de “exigência de qualidade” os níveis de inspeção I e II se equivalem sendo que o nível I oferece um custo melhor.
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